Carlos Melo Publicado nesta manhã no Blog do corintiano Juca
Kfourihttp://blogdojuca.blog.uol.com.br
Compreendo todas as limitações da profissão.
Eu, por exemplo, sou cientista político; sei o quanto me custa a objetividade: mas é a profissão e a credibilidade que exigem.
Na verdade, uma luta: mais do que ser, a cada dia, tentar ser objetivo.
É por isso que, fato raro, resolvi te escrever.
Soltar a voz, superar a crítica e assumir a própria angústia, para além da profissão, que nada tem de objetiva é gesto de coragem.
De fato, anteontem foi um domingo daqueles.
Mas, não sei dizer se não quero que meu filho -- que hoje tem 1 ano e 10 meses -- passe por isso.
É claro que dói e muito.
Melhor que não passe por isso.
Mas como ensiná-lo que não se torce por um time apenas porque se é campeão?
Como aprenderá que há algo mais elevado do que a glória, que se cresce e se humaniza na adversidade?
Que a solidariedade e a identidade estão à prova é nesses momentos e não apenas na hora de comemorar os títulos, como hoje fazem sobejamente os tricolores?
Ah, os tricolores nunca saberão o que é isso!
Sei. Parece masoquismo.
Mas acho que somos corintianos também por essa virtude de saber sofrer e não renegar a dor; de se confraternizar na tristeza, de se aproximar na miséria.
Dói, eu sei. E sei que não há prazer nisso.
Mas há orgulho e isso há tempos estava me faltando na relação com o meu Timão.
Voltar a ser um "sofredor" me fez lembrar porque "escolhi" ser corintiano; porque vesti essa camisa de cores tão simples e tão dignas.
Me fez recuperar a identidade com uma massa enorme de tantos "sofredores" de dentro e fora dos campos e arquibancadas; me fez, de novo brasileiro, pois é essa nossa condição.
Juca, o Corinthians testa nossa hombridade.Caia ou não caia -- rogo a todos os santos para que não caia --, essa é "a dor e a delícia de ser o que é".
Corintiano, maloqueiro e sofredor. Graças a Deus!
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